Sarnas em gatos


Por Laila Massad Ribas em 06/10/2015 | Medicina de Felinos | Comentários: 0

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Dra. Laila Massad Ribas

Você sabe quantos tipos de sarna acometem os gatos? E você sabia que as sarnas são doenças de pele causadas por ácaros ectoparasitas (parasitas que habitam a parte externa do animal) e algumas delas podem ser contagiosas para os humanos?

Sarna Otodécica

A sarna mais comum no gato é otodécica (sarna de ouvido) que é causada pelo ácaro Otodectes cynotis e é bastantecontagiosa para outros gatos. Esse ácaro fica localizado dentro e fora das orelhas e o principal sintoma é a coceira nas orelhas. Pontinhos pretos são facilmente visualizados dentro e ao redor das orelhas dos gatos.

Quando não tratada essa sarna pode se espalhar para todo o corpo, causando coceira severa.

Sarna Sarcóptica

A sarna sarcóptica ou escabiose, que é causada pelo Sarcoptes scabiei, é aquela vista comumente nos cães de rua, causa muita coceira e é transmissível ao homem, porém é muito rara nos gatos.

Sarna Notoédrica

Esse tipo de sarna é causado pelo Notoedres cati e causa muita coceira nos gatos. Também é conhecida por escabiose felina. É pouco comum nos gatos, mas é comum em abrigos ou locais de grandes aglomerações felinas

A forma de transmissão ocorre pelo contato direto e cães e humanos podem se contaminar. Os sintomas são parecidos com a escabiose no cão, mas os mecanismos de ação dessa doença ainda são poucos conhecidos.

A região mais acometida pela sarna notoédrica é a região da cabeça, orelhas e patas e, quando não tratada, causa crostas que facilmente sangram quando o gatinho se coça.

Sarna Demodécica

Essa sarna pode ser causada pelo Demodex cati ou Demodex gatoi e as lesões costumam ser mais localizadas na região da cabeça..

A demodécica causada pelo D. cati é mais comum em gatos com imunidade comprometida (p.ex. FIV, FeLV, neoplasias) e não é contagiosa para outros gatos, humanos ou outros animais. A coceira ocorre mais na região das orelhas.

A demodécica causada pelo D. gatoi causa bastante coceira e é contagiosa. O ácaro fica bem escondido na pele e é difícil de localizar nos exames de raspado de pele. Comumente essa doença está relacionada com alopecia simétrica, que é a queda de pelos que ocorre nos gatos de maneira simétrica quando vemos o bichano de cima.

Outros tipos de sarnas

Outros ácaros que podem acometer os gatinhos são: Dermanyssus gallinae (bicho-de-galinha), Lynxacarus radovkyi eCheyletiella spp.

Diagnóstico

Para concluir qual tipo de sarna o gato está sendo acometido o veterinário se baseia nos sintomas clínicos e na ajuda de exames complementares, como raspado de pele, citologia, tricograma, etc.

É muito importante diferenciar a sarna de outras doenças de pele que possam causar sintomas parecidos.

Muitas vezes os ácaros não são encontrados nos exames (falso negativo) e uma tentativa de diagnóstico terapêutico pode ser a única solução. Nesses casos o médico trata e depois diagnostica.

Tratamento

Varia conforme a sarna, mas todos incluem o uso de parasiticidas, seja na forma tópica ou oral.

No mercado existe uma infinidade de parasiticidas, mas os mais comuns são aqueles na forma de spray e spot-on (líquido que aplica entre os pelos da nuca).

Se o gato apresentar infecção de pele secundária deverá ser tratado com antibióticos e/ou anti-inflamatórios.

Como todo problema de pele, as sarnas demoram a ser tratadas e podem levar semanas ou meses para serem erradicadas.

Prevenção

O uso de parasiticidas tópicos mensais pode ser uma forma de prevenção de algumas sarnas, mas somente devem usados sob orientação veterinária.

Os animais que convivem com um gato diagnosticado com sarna contagiosa possivelmente receberá medicamento preventivo também.

Essas informações não devem ser interpretadas como forma de diagnóstico. Nunca medique seu gatinho sem orientação veterinária.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião da treevet


Sobre o autor

Laila Massad Ribas

Possui graduação em Medicina Veterinária pela Universidade Paulista (2004), especialização em Medicina Felina pela ANCLIVEPA-SP, mestrado em Ciências pela Faculdade de Medicina da USP (2008) e doutorado em Ciências pelo departamento de Clínica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da USP (2013). Atualmente é pós-doutoranda pelo departamento de patologia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP - campus Botucatu.


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